terça-feira, julho 17, 2007

Na minha busca da Luz

Luz, nome dado ao último álbum do Pedro Abrunhosa, esse Senhor Gajo que, não sabendo cantar, safa-se lindamente como poeta e compositor.
Ora, luz, lâmpada, iluminação, ideias luminosas... vai daí, analisei esmiuçadamente a letra da música 3 de seu nome... Ilumina-me. Eis o resultado:

Gosto de ti como quem gosta do sábado,
(isso é bom, certo? Já se me dissesses que gostas de mim como quem gosta da segunda-feira de manhã, ficaria com dúvidas... é que ou és masoquista ou não gostas de mim nem à lei da bala)

Gosto de ti como quem abraça o fogo,
(pois sim... fica sabendo que eu, meu caro, nem a mãozinha meto no fogo por ninguém, não vá ficar a cheirar a porco queimado, quanto mais abraçar... e nunca te disseram que se brincas com o fogo, irás fazer chichi na cama, não? Ah pois é...)

Gosto de ti como quem vence o espaço,
(dizem que, em 1969, uns senhores americanos pisaram a Lua; antes disso, foi a Laika e uns senhores russos; quiduxo, o espaço já foi conquistado... ou nunca viste nenhum episódio do Star Treck?)

Como quem abre o regaço,
(hey!, que facilidade é essa? O pessoal não curte assim... dado, ok? É controlar as hormonas, sff)

Como quem salta o vazio,
(espaço, vazio... hum, tu andas na droga?)

Um barco aporta no rio,
(olha filho, se tentas conquistar-me com iates e coisas dessas, fica já sabendo que não é por aí; aqui a je enjoa que nem uma pescada – expressão mais idiota esta – com barcarolas e afins; houve uma vez em Cuba... bom, deixa lá isso)

Um homem morre no esforço,
(ah valente! É por aí, sim! Quer dizer, mas até lá deste tudo, certo?)

Sete colinas no dorso
(realmente, já vi corcundas muito corcundas, mas sete!? SETE!?)

E uma cidade p’ra mim.
(estás enganado no termo, tu queres dizer vila; ou seja, uma daquelas propriedades chiquérrimas, com uma casa térrea, finésima, piscina e jardins lindos de morrer; se assim for, estás a entrar no caminho certo, já viste que barco não, mas vila sim)


Gosto de ti como quem mata o degredo,
(assassino! Eu realmente não gosto de insectos – degredo é um insecto, certo? – mas como não morde, deixa-o estar)

Gosto de ti como quem finta o futuro,
(sobre isso, é melhor falares com o José Rodrigues dos Santos, que o tipo tem uma teoria determinista sobre livre-arbítrio e coisas dessas; mas olha, fuma uma daquelas coisas que fazem rir antes disso, para ajudar a descontrair e abrir a mente para novas perspectivas)

Gosto de ti como quem diz não ter medo,
(é de macho peludo bater com o punho no peito cheio enquanto diz “quantos são? Venham eles!”. Pena que eu não goste...)

Como quem mente em segredo,
(Também detesto a mentira, tu andas a dar uma no cravo e outra na ferradura... assim não sei, não)

Como quem baila na estrada,
(olha do que me foste recordar: das festas da mala aberta que fazíamos no parque de estacionamento da faculdade! Estás a ganhar mais meio ponto)

Vestido feito de nada,
(assim sendo, recomendo que vás ao Meco)

As mãos fartas do corpo,
(não será o corpo farto das mãos? O celibato tem destas coisas...)

Um beijo louco no porto
(Pudera! Se a abstinência for muito longa, até um aperto de mão poderia dar azo a outras coisas que me abstenho de escrever aqui, pois este blog, não sendo de família, é-o quando me interessa)

E uma cidade p’ra ti.
(Vila, pá! Bolas, que és de compreensão lenta...)


Enquanto não há amanhã,
(Amigo, esta é de borla: o amanhã existe! Ainda há cerca de duas semanas tive essa confirmação, que já devia ter idade para me lembrar de beber muita água antes de me deitar, considerando que iria ficar desidratada – a.k.a. ressacada - , e o amanhã foi muito sentido; demasiado sentido, até!)

Ilumina-me, Ilumina-me.
(andas por becos escuros e depois queres que te oriente! Não querias mais nada, já agora.)
Enquanto não há amanhã, Ilumina-me, Ilumina-me.


[Pausa técnica]

Na prática, este monstro do marketing com um gajo careca de óculos de Sol algures no meio – e com a mania que tem estilo a vestir-se –, foi capaz de mexer comigo logo da primeira vez que ouvi esta música. Vénia a ele, pois este coração empedrenido (o meu) dificilmente se comove com uma musiquita.

Felizmente, vou tendo a capacidade de dar a volta ao texto (literalmente, neste caso) e gozar com o que me toca. Porque a letra é linda! E quem me dera ser alguma vez capaz de me exprimir assim:

Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.

Enquanto não há amanhã, Ilumina-me, Ilumina-me. Enquanto não há amanhã, Ilumina-me, Ilumina-me.

Enfim, é bom conseguir gozar com aquilo que me acompanhou no fim do poço...

26 comentários:

Unknown disse...

Assim,sim - ja me pareces mais tu

Actriz Principal disse...

MELÕES

Chiça pá! Foste rápido... está giro, não está? (eu a fazer aquela cara parvamente orgulhosa... ou orgulhosamente parva, deve ser mais isso)

Beijo

VF disse...

Ao que julgo saber esta música serviu de base de campanha publicitária para a EDP, daí o ilumina-me!

Agora o bom do Pedro pode fazer uma versão para a Telecom onde pode cantar "telefona-me... telefona-me", e já agora porque não para a companhia do gás (DGL) com um sempre interessante "Gaseia-me... Gaseia-me".

bem se calhar o gaseia-me é demasiado...

Actriz Principal disse...

VITOR
E quando eu penso que dificilmente alguém seria capaz de desmontar ainda mais aquilo que já se encontra em ruínas, de tão enxovalhado... eis que chegas tu!

Quanto à problemática dos gases...
Bom, se alterarmos um pouco a métrica, creio que ainda conseguimos fazer qualquer coisa como "dá-lhe ga-a-as..." ou "chega-lhe lu-u-mes..."; contudo, descobri hoje ao almoço que "chega-lhe lumes" é expressão desconhecida aqui no Centro/Sul, ou lá onde raio vim parar.

VF disse...

A verdadeira maldade vê-se nos piores momentos!

Actriz Principal disse...

VITOR

E alturas haverão em que não se verá maldade. Nem malvadez. E nem sequer malícia!

Firehawk disse...

Pois é amiga... aqui está um senhor, que outrora, considerei um senhor da música. Agora, simplesmente dá-me um sono de morrer. zzzzzzzzzzzzzzzzzz. Qual romance qual carapuça. zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Já acabou? ainda não zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Lamento...ele que vá mas é comprar velas, porque este iluminar tá fraquito!

Actriz Principal disse...

PSYHAWK
Não posso crer! E eu que acho esta música do melhor... só que... prontos... não resisti a dar-lhe tanga...
Se calhar anda a usar daquelas lâmpadas de baixo consumo. Será?

Anónimo disse...

Importa aqui dizer que o Pedro Abrunhosa, é em 1º lugar um grande intérprete. Nada de confusões a este respeito! Ora bem vamos aqui a análise pessoal Wally desta canção, ehehe.

Gosto de ti como quem gosta do sábado,
(E como gosto do gelado de chocolate, como gosto da praia, como gosto dos dias de dol, porque o importante é gostar, certo?)

Gosto de ti como quem abraça o fogo,
(MAS É CLARO QUE SIM! O fogo aquece, conforta alma. Já estavas a ver se fosse a abraçar um iceberge??? Chiça, o Titanic tentou e foi o que se viu :b)

Gosto de ti como quem vence o espaço,
(E porque não o espaço vazio dentro de nós, uhm, uhm??? É a gostar dos outros que conquistamos o vazio que há dentro de nós, yess!!! Beam me up Scotty :)

Como quem abre o regaço,
(Como quem abre a intimidade ao outro!!! E não é nada fácil, mas pode ser muito recompensador.)

Como quem salta o vazio,
(E se todos saltassemos o vazio que nos separa uns dos outros, the world would be a better place...)

Um barco aporta no rio,
(Quando um barco aporta, traz sempre boas noticias, especiarias de outras terras, sementes do paraiso, que bom :)

Um homem morre no esforço,
(Se valer a pena nenhum esforço é pequeno demais para gostar! Dei-te quase tudo e quase tudo foi demais...)

Sete colinas no dorso
(Sete colinas da cidade de Lisboa, sete lugares para procurar por ti,
sete motivos para gostar de ti)

E uma cidade p’ra mim.
(partir à descoberta de ti:) I am a material girl, in the material world)

Gosto de ti como quem mata o degredo,
(Gostar de alguêm mata o isolamento em que muitas vezes nos sentimos. Òtima razão para se gostar de alguêm :)

Gosto de ti como quem finta o futuro,
(Por vezes o gostar é tão intenso, quer é como se não houvesse amanhã. Fica tudo nublado por um nevoeiro cor de rosa, lol)

Gosto de ti como quem diz não ter medo,
(É bem verdade, já vi o gostar tornar o corajoso medroso, e o valente asustado.)

Como quem mente em segredo,
(É isso mesmo!!! Criar as nossas mentiras privadas, os nos prazeres secretos, aqueles momentos especiais, que só nós sabemos, uhm, uhm)

Como quem baila na estrada,
(e ama na cama :)

Vestido feito de nada,
(tu e eu despidos de preconceitos frente a frente...anda cá que não te aleijo:)

As mãos fartas do corpo,
(e ansiosas pela tua alma, que o corpo acaba, mas a alma perdura...)

Um beijo louco no porto
(Sorry, tocas de fluidos dessas só com fio dental :)

E uma cidade p’ra ti.
(Where is Wally???)

Enquanto não há amanhã,
(É hora de ir dormir, ZZZZ)

Ilumina-me, Ilumina-me.
(Nope, vou mesmo é apagar luz.)

Ck in UK disse...

Parece que te ouvi qdo lia o texto. postaste bem!

Teresa disse...

Tens aqui um talento, indiscutivelmente!

Já o Grace Kelly foi o sucesso que se viu...

Devias criar uma etiqueta com um bonito nome descritivo(para a gente depois encontrar com facilidade) e começar a brindar-nos regularmente com a tua refrescante abordagem de letras de músicas...

Olha... até podia ser o primeiro livro extraído daqui!!! (só tenho boas ideias)

Beijo grande.

Babe Certificada disse...

Bem, alguém tem de gostar das músicas dele, né? Talvez eu as aprecice se forem realmente cantadas e com um ritmo um tudo-nada mexido.

Marta disse...

Adoro esta musica!

Lívio disse...

Grande capacidade analítica e desmontagem verbal! Valente!
Voltarei aqui para ver(ler) mais!

Actriz Principal disse...

WALLY

Socorro! Criei um monstro!
Começo a achar que não fizeste escala em Londres, mas sim em Amesterdão... deves andar a fumar daquelas cenas "terapêuticas", deves...

É no que dá andares por lugares onde tens a vida em risco, ficas todo solto, não é? Pois fica sabendo que esses teus dias de glória estão a acabar: ainda ontem me juntei ao coro de vozes que não te permitirão ir fazer umas "férias descontraídas"... ao Afeganistão! (esses burros que se safem sozinhos, que a gente não te manda para lá nem à lei da bala - olha, que belo sentido faz esta expressão aqui!)

Para terminar em desgraça (para ti, claro): esquece o bolinho! Nem de chocolate, nem de laranja, nem nadinha. E tenho dito!

Beijo, já que andas com tantas ideias... cria o teu próprio blog! Prometo que passo por lá para partir a loiça toda ;-)

Actriz Principal disse...

CK

Ó miúda, já que não me ouviste ao vivo e em directo... olha, fica para a próxima, depois anuncia, pode ser que dessa vez eu vá lá acima.
Curtiste a da festa da mala aberta, não curtiste? Bons tempos!
Beijo!

Actriz Principal disse...

TERESA

Muito obrigada! Olha que vindo de ti... bom... sabes que te tenho na mais elevada consideração, não sabes?

Tens razão quanto à organização do espaço, deverei criar tags; irei fazer isso, mas é (mais) uma daquelas tarefas que caíram no saco dos "eventualmente... um dia... quando estiver para aí virada... mas agora, ai que preguiça!"

Mas quem é que, no seu perfeito juízo, publicaria em papel uma coisa destas? Já se conheceres alguém nas Produções Fictícias... ;-) (sorriso aparvalhado número 3, hás-de conhecer brevemente...)

Beijão!

Actriz Principal disse...

BABE
Olha que a faixa 2 é mexidita e castiça... assim, tipo, boogie.
O Pedro não é propriamente artista que eu adore; aliás, eu gosto de músicas e não de cantores ou grupos. Mas curti particularmente este álbum. Se calhar é por causa do mood...
Agora quanto à voz, minha cara, nadinha a fazer. Toda a gente percebe que o desgraçado fui à casinha na precisa altura em que o Criador distribuiu as vozes de rouxinol; eu sei disto porque também eu estava a sair de lá (da casinha) e também eu não fui a tempo...

JustAnother disse...

Poucas letras sobrevivem a uma desmontagem sistematica... e esta foi muito boa! Ri-me que nem uma perdida!

Actriz Principal disse...

MARTA
Então continua a passar por aqui, depois desta a inspiração foi dar uma volta e tão cedo não devo postar... ou não! Mas enquanto não o faço, a música continua. E, se pedires com jeitinho... tu sabes!

Actriz Principal disse...

LÍVIO
Benvindo!
Até poderia continuar a babar-me e a dizer "sim, é isso tudo!", mas a verdade é que tenho 2... vá lá, 3 neurónios que são doidos para a brincadeira e que adoram desconversar e de(s)compor. Nada mais...
Mas obrigada pelo elogio!

Actriz Principal disse...

TUXA
Tu encontra-te! É que eu não quero ser responsável pela tua perdição... nem que seja alegre ;-)

Vício disse...

falaste ali do Star Trek mas eu acho que o Pedro não vê filmes!
se visse sabia que para lhe levar os fantasmas existem os Ghost Busters...

Actriz Principal disse...

VÍCIO
Se eu quisesse ser mesmo muito mazinha, diria que o senhor em causa dificilmente vai ao cinema, pois, devido à curvatura do "olhar" terá de se colocar de lado para conseguir ver de frente. Ora, com as cadeiras coladas, aquilo deve dar um belo torcicolo...

E, para casa, temos o Blockbuster e não os Ghost Busters... (ai que esta foi tão fraquinha... desculpa!)

Por favor, reza para que o Abrunhosa não descubra o meu blog. É que eu nem tenho nada contra ele, mas creio que não iria achar muita piada a estas minhas graçolas.

Lívio disse...

Acho mesmo que te deves babar : faz bem ao Ego e não faz mal a ninguém!
Já agora és do teatro, do cinema, já foste ou gostava de ser...ou és...actriz principal.
Se já visitaste o meu sítio talvez te tenhas apercebido que sou louco por Teatro e pratico.

Vêmo-nos por aí e ... muita merda!

Actriz Principal disse...

LÍVIO

Apenas sou a Actriz Principal do conjunto de filmes mais ou menos loucos que é a minha vida.
Nunca representei, e creio que não teria jeitinho nenhum para tal. Na verdade, detesto ser o centro das atenções, deixa-me francamente desconfortável.

Ainda assim, tenho o mínimo de conhecimento sobre o assunto para saber que essa da muita merda seria um desejo de boas actuações e não uma forma indelicada de me mandar dar uma curva! ;-)