Numa cidade onde tudo é fácil, a noite é muito longa e as caras (as opções?) se confundem à medida que o álcool continua a entrar, por gosto para uns, para esquecer para outros.
Numa tarde que começa com duas pessoas, a que se juntam outras quatro;
faz-se o rali das tascas, confundindo o jantar com tapas e bebidas; chegam mais dois e depois mais três. Encontra-se quem não se espera e desencontra-se quem quer ir embora.
Numa noite em que se pensa que por pagar um copo se consegue alguém.
Numa madrugada em que nem todas as ideias (e pessoas) estão no sítio onde deveriam estar ou vão para onde devem ir.
Numa manhã que deve ter um sabor amargo por nem se saber o nome de quem se levou para casa, mesmo depois de se ter percebido que não era por aí que se queria ir.
Mas a solidão deve ter destas coisas. Solidão ou vingança?
Seria tarde demais?
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Madrid tem o fuso horário que deve ter. O Sol põe-se tarde e as ruas vibram com as pessoas até que nasça um novo dia. Todos os dias.
Existe um clima de facilidade, todos falam com todos, certas zonas estão
cheias, e entra-se para comer esta tapa a acompanhar este copo, pois é neste bar que é melhor. Na tasca seguinte, a especialidade é outra. E assim as vamos percorrendo, com a sorte de termos encontrado os verdadeiros especialistas que nos guiaram naquele labirinto de comes, bebes e gentes.
De repente, já somos muitos e todos com vontade de ir dançar. E aqui, a vontade é soberana. O jogo começa e todos colocamos as cartas na mesa pois, tudo se faz às claras, sem falsos moralismos. Queres? Então pede!
Para mim, há dois tipos de jogo: aquele que se faz quando se está bem mas se poderá estar melhor; e o em que se aposta até a dignidade para conseguir dois minutos de fraco proveito porque a necessidade de atenção ou a sede de vingança falam mais alto.
Dei as cartas no primeiro e assisti de camarote ao segundo.
Voltei para casa cansada por ter dançado até mais não com um dos melhores
pares de todos os tempos, que percebeu desde o início que eu apenas buscava o prazer da dança. Observei, gostei, disse “mexes-te bem, gostava de dançar contigo, apenas isso, queres?”. A linguagem corporal estava alinhada com a mensagem que passei e fui totalmente entendida. E durante mais de três horas desfrutei da companhia de alguém que se revelou espantosamente interessante, culto, inteligente, viajado, seguro. Deixei-o ir inúmeras vezes e ele voltou sempre. Pedi pouco e tive muito mais do que esperava.
Vi quem acabasse a noite com alguém que foi a segunda ou terceira escolha e que, por sua vez, optou pela mesma técnica. Tenta-se o(a) primeiro(a); se não funciona, roda-se para o(a) seguinte e por aí fora, até que os calibres se ajustam e finalmente se encontram. É verdadeiramente triste!
Não sou uma moralista. Simplesmente custa-me ver que alguém, para se vingar/ultrapassar/colmatar de uma relação que tem/não tem/queria ter mais, cai nos braços de seja quem for, pois se não é este será aquele, desde que seja… quem quer que seja.
Agarrou-se para se certificar que este não iria escapar. Pediu muito. No final, o que obteve?
Não gosto deste sentimento, mas confesso que senti pena. Pelos dois.
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10 comentários:
Pois, há quem diga que a vingança se serve fria. Nunca pensei muito no assunto mas se calhar isto tem não uma mas duas razões de ser:
1.ª - que a vingança tenha algum objectivo e não se tome decisões precipitadas que levam a acções que não queriamos ter, ou
2.ª a vingança deixa de fazer sentido, ponderando.
Eu sou pela segunda teoria, aliás acho que a melhor vingança é mesmo ser feliz, viver sempre bem comigo e não me arrepender de nada que faça.
Vingança é uma perda de tempo.
scarlett - também eu não penso muito no conceito de vingança. Aliás, o que assisti foi a uma tremenda falta de amor-próprio e uma necessidade de atenção ainda maior; sim, associado a uma vingança de muito baixo nível, não pela ausência de valores (cada um leva a vida que bem entende), mas pelo enorme vazio que deixa.
martini man -
ponto nº 1: a Terra é redonda, gira sobre si mesma e à volta do Sol, voltando quase, quase ao ponto inicial. Para além disso, é inacreditavelmente pequena.
ponto nº 2 - concordo contigo, o tempo é um recurso escasso.
Tenho a certeza que chegaste lá!
"What goes around comes around."
Minha Linda Actriz, o meu blog já encerrou, nova paragem em : http://www.olharindiscreto.blogspot.com/
Tenho a certeza que o elogio que te foi dado (e eu posso comprovar) não foi errado. E vejoq ue te divertiste. Quanyo ao resto...ás vezes faz melhor algo simples do que complicar. Procurar algo onde não há não trás felicidade e quando trás, vem dissabor pelo meio!
Tenho a certeza que o elogio que te foi dado (e eu posso comprovar) não foi errado. E vejoq ue te divertiste. Quanyo ao resto...ás vezes faz melhor algo simples do que complicar. Procurar algo onde não há não trás felicidade e quando trás, vem dissabor pelo meio!
Pedir pouco e ter mais do que se espera... sem criar grandes expectativas nem as criando nos outros.
Dançar é bom, se for em boa companhia então, melhor ainda...
Também não sou moralista, mas concordo que é triste fazê-lo porque sim, por vingança ou outro qualquer motivo patético. Onde está o amor próprio, que nos deve sempre acompanhar??
pollo diablo - that´s point # 1, indeed.
sílvia - vou tratar de fazer as devidas alterações!
psyhawk - foi um fds muito revelador. Aliás, nos últimos tempos, quase todos os dias aprendo algo novo.
Quanto aos dissabores, tens toda a razão, há que procurar nos lugares certos.
magnólia - temo que o pior será o dia seguinte, quando se vive com o que não se queria ter feito ou dito, porque a ficha caiu bem antes e ainda assim não se teve coragem para parar por aí.
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